quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Estação de Comboios


Sento-me na estação de comboios, oiço as centenas de avisos, comboio para aqui, comboio para ali, circulação sem paragem, partidas e chegadas.
Ainda tenho uma hora de espera.
Entretenho-me a observar as pessoas que vêm e vão, todas elas têm um propósito, andam atarefadas nas suas vidas, alguns esperam familiares, namoradas, namorados, ligações para outros comboios tal como eu.
O meu comboio chegou, está na hora de regressar a casa. Olho pelo vidro da carruagem, são tantos os locais e paisagens no meu caminho, paragens de 5 em 5 minutos em todas as paragens e apeadeiros, pessoas entram e saiem a todo o momento.
Não vejo a hora de chegar.
Ouço o aviso “Próxima Paragem Fontela”, agora sei que estou quase, ao fundo consigo começar a ver a PONTE, escorre-me uma lágrima pela cara, estou quase, vejo a Figueira aparecer ao longe, estou finalmente em casa.
O comboio parou, chegou ao seu destino, vejo sair as pessoas, há sempre alguém à sua espera todos têm alguém por lá para dizer olá, todos menos eu. Há já 4 anos que faço esta viagem, mas nunca em todo este tempo houve alguém para me abraçar à chegada.
No entanto mesmo assim estou em casa.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A História de Sofia I


1.80m, cabelos negros, dona de uma beleza extraordinária, corpo esguio como se tivesse sido feito à medida de todos os padrões, olhos verdes reluzentes.
Não há homem que resista ao vê-la passar, assim é Sofia!
O que ninguém sabe é que ela tem dois lados, nem sempre é o que parece.

Quantas vezes Sofia vendeste a alma?
Quantas vezes vendeste o corpo, a beleza e o prazer?


Deitas-te à noite sozinha, afogada nas lágrimas do sofrimento de dar o que já não te pertence, tudo por um vício.
Fizeste um contrato com o diabo no dia em que te perdeste na escuridão da vida.
Quantos não matariam só para te ajudar?
Quantos daqueles que te pagaram o vício em troca de um pouco dessa tua beleza te quereriam para eles inteira?

Abre as asas Sofia!
Olha-te ao espelho.
Achas que vale a pena?

Deixa a mini-saia, retira a maquilhagem e segue o teu caminho em direcção à luz do dia.

Pergunta-te a ti mesma se és feliz.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tempo

O Barco Pirata
A Aldeia dos Índios
A Lagoa das Sereias
O Esconderijo
A Caverna da Morte
Já não voo por eles
Moro nesta Terra
Mas já cá não vivo
No sitio onde o tempo pára
Mas o Tic-Tac continua
O relógio não mexe
Mas ouço os ponteiros
Sinto a mudança
Chegam cabelos brancos
As primeiras rugas
Envelheço afinal
Já não voo como antes
Caminho para o Inverno
Pára tempo Pára
Imploro-te
Quero ficar na Primavera

Não me vais apanhar porque eu não vou deixar!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Procura

Procuro o caminho
No mar da solidão
Na tempestade que não passa
Na contínua tormenta

Leva-me vento malvado
Toma-me nas ondas
Tira-me a dor
Faz-me sorrir

Brilha tu sol de paixão
Mostra-me o caminho
A bússola avariou
Leva-me a porto seguro

Naveguei o céu e o mar
Mas já não te encontro
Quero regressar
Ao meu Mundo das Fadas

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Liberdade


Libertei as amarras
Parti à deriva
Sou livre
Vivo para mim
Não sou de ninguém
Navego pelo mar incerto
Ao sabor das ondas
O sol alimenta-me
A chuva mata-me a sede
Canto para afastar o medo
Medo de quê?
Agora estou liberta
Observo as gaivotas
Elas inspiram-me
Bate as asas
Voa até ao teu horizonte
Somos livres
Livres do mundo
A escolha é nossa

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Só os Oceanos São Eternos


Alma dorida, perdida no mundo
Amor que partiu
Palavras escritas, dispersas
Em textos que não li
Sorriso triste de quem não vejo
Saudade que magoa
Na cidade dos mortos
Essa terra de pedra
Onde o Mar que leva não traz de volta
Até ao horizonte, o fim do mundo
Onde só os oceanos são eternos.